A gasolina na Refinaria de Mataripe, antiga Landulpho Alves (Rlam), na Bahia. vendida pela Petrobras ao fundo de investimento árabe Mubadala, já está custando 27,4% a mais do que a vendida pela estatal, segundo estimativas do Observatório Social da Petrobras (OSP), organização ligada à Federação Nacional dos Petroleiros (FNP).

A diferença em relação ao valor do diesel S-10 é ainda maior, 28,2%, informou o OSP. Os combustíveis comercializados pela refinaria baiana, privatizada em dezembro de 2021, tiveram novo reajuste no último sábado, o quinto aumento só neste ano. Mataripe tem hoje os combustíveis com os preços mais elevados do Brasil, em comparação com as refinarias da estatal.

Segundo o levantamento, a gasolina na Bahia deverá ficar mais cara do que a do Rio de Janeiro, que é hoje o Estado com os maiores preços e o maior ICMS do País.

Devido aos aumentos, a Bahia é o Estado com menor defasagem em relação aos preços internacionais. No porto de Aratu, a defasagem do diesel e da gasolina nesta terça (8), era de 16% e 11%, respectivamente. Já nos demais portos do País, a defasagem chega a 36% no caso do diesel e de 32% na gasolina.

“Chegamos a um momento em que a população deve decidir se seguiremos com a agenda privatista ou se manteremos os ativos estatais da Petrobras. Se o processo de privatização do parque de refino da companhia continuar, isso que está acontecendo na Bahia se ampliará para o restante do Brasil”, afirma Eric Gil Dantas, economista do OSP e do Instituto Brasileiro de Estudos Políticos e Sociais (Ibeps).

Ele ressaltou que a guerra na Ucrânia acentuou o problema, mas que o encarecimento da gasolina e do diesel na Bahia já é estrutural com a privatização.

No Golfo do México, que serve como referência para o Preço de Paridade de Importação (PPI), política de preços da Petrobras, o aumento do valor da gasolina foi de 15% na semana passada, informa Dantas.

“Entretanto, os custos para produzir gasolina e diesel no Brasil não mudaram. O único custo que aumentou foi o pagamento de participações governamentais. A Petrobras pode sim segurar os preços localmente sem que haja prejuízos contábeis. O último resultado, com lucro líquido de R$ 106 bilhões e distribuição de dividendos de R$ 100 bilhões, mostra o quanto de gordura a empresa tem para queimar”, conclui o economista.

Resposta da Acelen

Procurada pelo CORREIO, a Acelen, atual operadora da Refinaria Mataripe, informou que os preços praticados são resultado da aplicação dos contratos firmados com seus clientes. A nota afirma que esses contratos trazem uma fórmula de preços objetiva e transparente, longamente discutida com os próprios clientes, aprovada pela agência reguladora, e reconhecida por todos como uma importante evolução em comparação com a prática que havia até então de preços fixados subjetivamente pelo fornecedor dominante.

“Tais preços seguem critérios de mercado que levam em consideração diversas variáveis, sendo a principal delas, é claro, o custo do petróleo, que é adquirido pela Acelen considerando suas cotações internacionais. Como é sabido, nos últimos dez dias, com o agravamento da crise gerada pelo conflito entre Russia e Ucrânia, o preço internacional do barril de petróleo disparou, superando os US$ 123 por barril, o que gerou impacto direto nos nossos custos de produção”, diz pronunciamento.

Ao mesmo tempo, a Acelen também apontou que existe uma defasagem importante de preços dos combustíveis em todo o país, e que isso significa que existirão diferenças de preço regionais.

Informações do Correio

 

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