Foto: arquivo pessoal/Ney

Em dezembro de 2001, o Hospital Português convocou a imprensa para apresentar uma novidade: Valdoeny de Novaes Franco, então com 33 anos, era personagem do primeiro transplante de fígado na Bahia, realizado por uma equipe pilotada pelo médico Luiz Jorge Bastos.

Pouco depois da cirurgia, uma complicação: o paciente estava com uma bactéria, a citomelavírus. Complicou muito, mas também vitória. Valdoeny, chamado pelos amigos de Ney Monstro, apelido dado pela função que exerce, a de cobrança, se diz um homem feliz:

— Sofri muito. Eu pensava que com o transplante ia ter uma sobrevida. Hoje eu vejo que ganhei foi uma nova e maravilhosa vida. Com vícios zero.

Bom presente

Filho de Ilhéus morando em Valença desde 20 anos, Ney explica que antes levava uma vida desregrada, quase sempre embriagado. Casado com Mirtes, professora, viu a alegria desabrochar quando ela ficou grávida.

Nasceu um menino, batizado com o nome de Luiz Felipe, homenagem a Luiz Jorge Bastos, hoje com 17 anos. Dois anos depois, outra alegria: as filhas Camila e Camile, gêmeas.

— Depois do transplante ganhei isso, uma família linda.

O transplante bem sucedido é uma vitória da medicina, mas os amigos de Ney são implacáveis. Dizem que prevaleceu o velho dito ‘vaso ruim não quebra fácil’. Ele diz que até o cobrador implacável, que lhe valeu o apelido de Monstro, mudou.

— Fiquei mais brando.

As alegrias da dor

Ney diz ter um carinho fraternal pelo time que cuidou dele, a começar pelo gastroentrologista Clécio Cardim, da clínica Pró-Saúde, em Valença, que o encaminhou a Jorge Bastos, mais a equipe dele, os médicos Paulo Bittencourt e Eron e Maria Auxiliadora, a enfermeira-chefe do setor:

— Eu dei muito trabalho a ela. Ela sempre tirou de letra, alegre e sorridente. Eles são as boas lembranças de um tempo de muito sofrimento para mim.

Ao doador, missas

Ney não esquece também do doador do fígado que ele carrega, o jovem Humberto Fernandes da Silva Júnior, 23 anos, que teve morte cerebral em consequência de um trauma craniano. Ficou amigo do tio, Jean do Posto Azulão, e por ele chegou à mãe, dona May, e ao pai, Humberto.

— Todo ano mando celebrar uma missa em memória dele. E com dona May já falei duas vezes. A última delas recentemente. Tenho em mim um pedaço deles, no corpo e na alma.

Informações do Bahia.BA

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