Mais de cem filhotes de baleia jubartes e 460 animais adultos foram vistos entre a Bahia e o Espírito Santos, durante uma expedição feita por integrantes do Projeto Baleia Jubarte, que trabalha no monitoramento, pesquisa e conservação da espécie.

“A expedição foi um sucesso, o resultado foi ótimo”, disse Enrico Marcovaldi, coordenador do Projeto Baleia Jubarte, e que ficou à frente da expedição.

A expedição começou no final de agosto, em Salvador, e terminou no final de outubro, quando as equipes retornaram para a capital baiana. A observação foi feita em Salvador, Morro de São Paulo (Cairu), Barra Grande (Maraú), Itacaré, Ilhéus, Porto Seguro, Cumuruxatiba (Prado), Caravelas, Abrolhos, Conceição da Barra (ES), Barra do Riacho (Aracruz – ES) e Vitória (ES).

“Um balanço super positivo, essa temporada se caracterizou pela grande quantidade de filhotes. Garantia de uma nova geração de baleias aqui no nosso litoral, e a gente está muito feliz”, afirmou o coordenador do Projeto Baleia Jubarte.

Enrico explicou que, em todo o trajeto percorrido, foi possível observar, também, o impacto da pandemia da Covid-19 nos locais visitados. No entanto, ele afirma que ainda não é possível fazer uma avaliação definitiva se houve algum impacto para as aleias, menos com menos embarcações no mar nesse período.

“Pode ser que tenha influenciado [a pandemia], mas, em 2017, tivemos uma temporada bem semelhante, sem pandemia. [Na expedição desse ano] conseguimos documentar ao logo das paradas, a realidade de cada município, atividade turística, como a pandemia afetou as pessoas e as atividades econômicas”, completou.

Temporada das Baleias

Entre os meses de julho e novembro, as águas calmas e quentes do litoral baiano são cenário das acrobacias e cantos das baleias jubartes. Todo ano, as ilustres visitantes viajam por cerca 2 meses, da Antártida até o Brasil, para acasalar, reproduzir, e dar um show para quem tem o privilégio de vê-las.

“São cantoras de ópera e dançarinas acrobáticas. Dentre as espécies, são as mais exibidas. Geralmente, os machos cantam para seduzir e copular, mas é também uma forma de comunicação”, explica Enrico Marcovaldi.

A estimativa do Projeto Baleia Jubarte é que a população da espécie que vem para o Brasil, esse ano, passe dos 20 mil. Durante a temporada, elas podem ser vistas desde o norte de São Paulo até o sul do Rio Grande do Norte. A maior concentração está entre o Espírito Santo e a Bahia, e 70% delas escolhem o arquipélago de Abrolhos, no sul baiano, que é o principal berçário das jubartes no Atlântico Sul. O pico das jubartes no Brasil é agosto e setembro.

O veterinário Milton Marcondes, coordenador de Pesquisas do Projeto Baleia Jubarte, explica o motivo da espécie fazer uma viagem tão longa para se reproduzir, pura sabedoria da natureza.

“Em Abrolhos, há recifes de corais, elas procuram água mais abrigada, mais calma. Mesmo que o mar ‘cresça’, a água é mais calma, sem muitos predadores. Aqui elas encontram água mais quente. No útero da mãe, os filhotes estão a 37ºC, 38ºC, se fosse nascer na Antártida, nasceria na água 4ºC, 2ºC. Aqui nasce numa água a 25ºC, 26ºC, mesmo estando no inverno, e eles [filhotes] não precisam estar com uma capa de gordura tão grande.

“Elas nascem aqui [Brasil], a maioria é baiana e capixaba. Começam a nascer no final de julho e em agosto. O filhotinho nasce com 4 metros, 4,5 metros e pesando uma tonelada, precisa de tempo pra se desenvolver”, completa Milton.

Encalhes

Com o aumento da população das baleias jubarte, subiu também o número de encalhes e mortes da espécie no Brasil. Os principais problemas são baleias presas em equipamento de pesca, atropelamento por embarcação grandes, como navios, e a poluição do mar.

Esse ano, em todo o Brasil, até agora, o Projeto Baleia Jubarte registrou 58 encalhes, a maioria entre os litorais da Bahia (20) e do Espírito Santo (15). No ano passado, a Bahia liderou o número de encalhes no país, com 19 casos, seguida pelo Espírito Santo com 9.

A orientação é que a população acione o Projeto Baleia Jubarte, no caso de encalhes. Para isso, as equipes mantêm telefones de emergência, que também recebe ligação a cobrar. Veja números abaixo:

Caravelas: (73) 3297-1340 (em horário comercial, de segunda a sexta-feira) e (73) 98802-1874 (WhatsApp 24h);

Praia do Forte: (71) 3676-1463 (em horário comercial, de segunda a sexta-feira) e (71) 981542131 (WhatsApp 24h);

Informações do G1

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