Estudantes e docentes do curso de Medicina da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB) denunciaram de forma anônima o que classificam como um processo sistemático de sucateamento e abandono, conduzido pela reitora Joana Angélica Guimarães da Luz.

Segundo relatos, a reitora tem destinado recursos originalmente previstos para a estruturação do curso de Medicina a outras áreas que não possuem qualquer relação com a formação médica, comprometendo a qualidade do ensino, o atendimento à comunidade e o futuro profissional dos estudantes.

Entre os principais pontos denunciados está a completa ausência de técnicos administrativos exclusivos para o curso, apesar de haver previsão expressa para esse suporte. Documentos e pareceres técnicos do Ministério da Educação (MEC) confirmam que, em visita à universidade, foi constatado que a SERES/MEC havia autorizado e enviado o código de vaga para a contratação de 20 técnicos administrativos de nível médio e 16 de nível superior, totalizando 36 profissionais. Todas as vagas foram preenchidas entre 2014 e 2015 por meio de concurso público, mas, conforme relatado, nenhum desses servidores foi alocado de forma exclusiva ao curso de Medicina.

Como consequência, os estudantes enfrentam um cenário crítico:

Ausência de aulas práticas e provas práticas, essenciais na formação médica;

Falta de atendimento presencial e resolutivo por parte da administração acadêmica;

Dificuldade de comunicação com a coordenação e setores administrativos do campus;

Desorganização e ausência de registros administrativos adequados;

Prejuízos no acompanhamento pedagógico e na elaboração do novo Projeto Pedagógico do Curso (PPC);

Defasagem na atualização da bibliografia básica e complementar, tanto física quanto digital.

Outro problema apontado no parecer do MEC é a insuficiência de professores. Ainda que o curso conte oficialmente com 19 docentes em dedicação exclusiva, 15 em regime integral e 26 em regime parcial, esse quadro não atende à quantidade de discentes matriculados.

Os estudantes também denunciam a situação dos novos laboratórios do curso, que, embora já contem com parte dos equipamentos instalados — como microscópios, lâminas e modelos anatômicos, alguns em estado de desgaste — permanecem fechados e sem liberação para uso. Essa condição tem comprometido o andamento das disciplinas práticas, dificultando a aplicação de conteúdos essenciais e sobrecarregando os espaços atualmente utilizados, que não comportam mais a demanda crescente.

Além disso, representantes discentes e professores relatam que a reitora Joana Angélica constantemente ignora as tentativas formais de comunicação feitas pelas instâncias de coordenação e pelo corpo docente. Quando confrontada em reuniões com estudantes que cobram providências, a reitora recorrentemente alega não ter conhecimento dos problemas, postura que, segundo os denunciantes, demonstra descaso e desrespeito com a formação profissional e com a saúde pública regional.

Para estudantes e professores, o curso de Medicina da UFSB hoje está refém de decisões unilaterais e de uma gestão que prioriza outras áreas em detrimento da saúde, da qualidade acadêmica e da dignidade dos formandos. Muitos temem que, caso o quadro não seja revertido, o MEC venha a instaurar processos sancionatórios que comprometam o reconhecimento do curso e o futuro dos egressos.

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