Madeira criada em laboratório

Pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos, descobriram uma maneira de cultivar madeira em laboratório, sem usar nem o solo e nem luz solar. A ideia de reproduzir células de partes de organismos no laboratório sem comprometer o organismo inteiro pode ser o ponto de partida para a produção de madeira sem a necessidade de derrubar árvores.

Falando ao programa Naga Munchetty da BBC 5 Live, a autora principal do estudo, Ashley Beckwith, do MIT em Cambridge, nos EUA, disse que a ideia de reproduzir tecidos vegetais de forma seletiva, sem ter que usar a planta inteira no processo, começou com o cultivo de pequenas estruturas extraídas da zínia, uma planta da família da margarida de fácil cultivo e abundante em toda a América.

Para obter o resultado esperado, as células de zínia vivas foram cultivadas em um meio líquido, e estimuladas a metabolizar e reproduzir. A seguir, as células foram transferidas para um gel e submetidas a uma espécie de “sintonização” com crescentes estruturas mais rígidas e semelhantes à madeira, o que foi feito com a utilização de dois hormônios vegetais: a auxina e a citocina.

O equilíbrio da variação hormonal é determinante para controlar a produção celular da lignina, um polímero orgânico complexo que une as fibras de celulose e dá firmeza à madeira. Finalmente, a equipe avaliou a composição celular e a estrutura do produto final utilizando microscopia de fluorescência. Isso permitiu saber quais células estavam lignificadas para que seu crescimento e alongamento fossem medidos.

Madeira criada
Fonte: Beckwith et al./Divulgação
Fonte: Beckwith et al.

Quanto tempo leva para se criar uma mesa em laboratório?

Publicado na revista científica Journal of Cleaner Production, com data de lançamento em 15 de março de 2021, o estudo concluiu que as células vegetais podem ser utilizadas em um processo de produção controlado, resultando em um material otimizado para determinada finalidade.

O que se busca aqui é aumentar o tamanho das estruturas produzidas. No mais, o processo se assemelha à impressão 3D, com a diferença que as próprias plantas fazem a impressão com auxílio de um meio de crescimento dentro do gel. O material gelatinoso atua então como um suporte para o crescimento das células.

Quando questionada pela equipe da BBC que o tempo para cultivar madeira suficiente para a fabricação de uma mesa de centro seria um processo muito lento, por demorar alguns meses, Beckwith retrucou que “isso é muito mais rápido do que uma árvore que pode levar 20 anos para crescer”.

Aplicações para a madeira de laboratório

Aplicações para a madeira de laboratório
Fonte: Aaron Burson/Reprodução Fonte: Aaron Burson

 

A tecnologia pode ser usada para criar peças ou pranchas de madeira, que seriam cortadas e moldadas em uma peça de mobiliário. Segundo a autora sênior do projeto, atualmente “dedicamos muitos recursos para o cultivo de plantas inteiras, quando tudo o que precisamos na verdade é uma porção muito pequena da planta”.

Isso resolve uma questão crucial, que é uma demanda crescente por produtos à base de plantas, como alimentos, materiais para infraestrutura, bens de consumo e colheita para produção de combustíveis, ao passo que as terras cultiváveis vêm se reduzindo com o passar do tempo, destacou Beckwith.

A tecnologia criada ainda não está pronta para uso comercial, mas a equipe de cientistas está muito animada. A ampliação do processo irá demandar investimentos de pesquisa do governo ou de fontes privadas. A equipe também alerta que este não é um processo único, pois cada espécie de planta tem o seu “botão de controle exclusivo”.

Fontes

 

Informações Tecmundo

Compartilhar Post:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *