Mais de 52% dos brasileiros não usam camisinha, ou fazem isso raramente. Os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados em 2016, mostram uma tendência comportamental preocupante, para dizer o mínimo. Apontada como uma revolução no tratamento contra a AIDS, o PrEP, ou Truvada, tem trazido esperança, mas, ao mesmo tempo, preocupação para os especialistas na área de saúde. A pílula, que apresentou eficácia de 99% nos testes clínicos, evita a contaminação para quem nunca entrou em contato com o vírus, mas, está sujeito a isso.

A distribuição do remédio pelo Sistema Único de Saúde (SUS) teve início em dezembro do ano passado e, de acordo com a Secretaria Estadual d Saúde (Sesab), ele já pode ser encontrado em Salvador, no Centro Estadual Especializado em Diagnóstico, Assistência e Pesquisa (Cedap), localizado no bairro do Garcia. O acesso à pílula é definido com base nos critérios estabelecidos pelo Ministério da Saúde, como mostra a tabela abaixo:

Segundo a Sesab, o fato de fazer parte desses grupos não é o único critério para indicação da PrEP. Para utilizar a medicação, será necessária uma avaliação da vulnerabilidade do paciente, “de acordo com comportamento sexual, e outros contextos de vida”. Essa análise será feita pelos profissionais de saúde.

O grande problema é que a pílula, já utilizada há mais tempo como parte do coquetel retroviral, tem estimulado comportamentos de risco por parte de quem imagina, de forma equivocada, poder abrir mão da camisinha. “A medicação não substitui o sexo seguro. Além do fato de existirem outras doenças sexualmente transmissíveis, há casos de vírus HIV de alta resistência, que o remédio não conseguiu bloquear”, afirma o infectologista Claudilson Bastos.

É fato que o combate à doença é bem mais eficaz do que há 30 ou 40 anos, quando o HIV eclodiu de forma devastadora em todo mundo, matando milhares de pessoas. Atualmente, boa parte dos soropositivos consegue viver de forma saudável, o que fez com que o diagnóstico deixasse de ser encarado como uma sentença de morte.

Contudo, apesar de a Truvada ter ampliado o leque de opções, sobretudo se encarada como uma ferramenta preventiva, infelizmente ainda não é possível afirmar que a ciência tenha encontrado a cura para a AIDS, como explica Claudilson. “Ela não é salvadora, nem a solução para o problema, mas é algo extremamente positivo se utilizada da forma correta”.

Número de casos na Bahia:

No estado da Bahia, desde o primeiro caso notificado de AIDS, em junho de 1984, até junho de 2017, foram registrados 31.923 exames positivos. Destes, 20.122 (63%) do sexo masculino e 11.799 (36,9%) do sexo feminino.

Nos últimos 10 anos (2007-2016), foram registrados 18.600 casos. A taxa de detecção de AIDS apresentou tendência de crescimento. Entre 2007 e 2016, esse número passou de 10,7 para 12,4 casos por 100 mil habitantes, apresentando uma média no período de 12,7. Em 2017 foram notificados 953 casos, 641 em homens e 312 em mulheres, Conforme diz o Aratu Online.

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