O debate sobre raça esteve no centro das discussões na tarde desta sexta-feira (4), na Festa Literária Internacional de Cachoeira (Flica). A recém empossada autora da Academia de Letras de Ilhéus, Rita Santana, mediou a mesa “O lugar da autoria negra nas Academias de Letras”, no espaço Educar para Transformar, na Fundação Hansen Bahia, que sedia as ações do Governo do Estado.
Durante o encontro entre Rita Santana, o antropólogo Ordep Serra e o ficcionista Wesley Correia, os escritores falaram sobre a necessidade de transformar as cadeiras das Academias de Letras em lugares que representem melhor as diversidades de autorias brasileiras. Eles destacam a ausência ou pouca presença de escritores indígenas e negros nas academias municipais, estaduais e na Academia Brasileira de Letras.
Clique aqui para fazer parte do novo CANAL do Ilhéus.Net no WhatsApp.
Clique aqui para fazer parte do GRUPO do Ilhéus.Net no WhatsApp.
Rita reafirma que “a academia não é uma ilha. A academia é mais um espaço de luta por igualdade de gênero, de paridade étnica, de luta pela liberdade, de luta pela democracia. Então quando um negro entra em um espaço como a Academia, ele entra pra romper barreiras”.
Até as 18h, o espaço também será dedicado ao lançamento de livros de diversos autores negros brasileiros, com sessões de autógrafos e fotos com os escritores. A jurista e promotora de justiça do Ministério Público do Estado da Bahia foi uma das autoras a lançar seu livro Cotas Raciais, pela coleção Feminismos Plurais, nesta sexta-feira (4), e falou da alegria de levar o livro para Flica.
“Lançar um livro da festa de Cachoeira pra mim é uma grande alegria, uma grande honra. Essa festa que representa a diversidade do nosso povo, uma pluralidade de ideias, de pensamentos, uma pluralidade étnico-racial. Então as cotas raciais, que é o tema do meu livro, trazem justamente essa possibilidade que nós termos um país plural efetivamente, de pessoas negras e indígenas, quilombolas estarem presentes em todos os espaços de poder e decisão desse país, o que ainda não acontece”, ressalta.
Corpos (in)visibilizados na Ciência
Uma astrofísica negra baiana foi a palestrante na mesa: Fazendo brilhar os corpos (in)visibilizados na Ciência na sede da Fundação Hansen Bahia no começo da tarde. Eliade Lima, que também é professora, fez um diálogo com os estudantes das escolas estaduais da Bahia, falando da importância de situar o corpo negro no debate científico.
“A ciência existe só pelos europeus, pelos homens brancos? Não. Pessoas negras, mulheres fizeram ciência, fazem ciência, e a gente precisa evidenciar esses nomes. Não estão nos livros? Vamos a respeito. Então eu trago um pouco da minha história como aluna egressa de escola pública, baiana e negra, mas trago também um incentivo e uma provocação: quem são as outras pessoas que fazem ciência?!”
A Flica também deu lugar para um desfile de moda com roupas pensadas e costuradas pelas mulheres do quilombo Engenho da Ponte, apresentação de música e poesia, oficina de turbantes e várias atividades pensadas e protagonizadas por pessoas negras. Neste sábado (5) ainda acontece na Casa Insubmissa, vinculada à Funceb, uma competição que premiará três artistas negras no Slam Insubmisso. Além de conversa e música com a cantora e compositora Margareth Menezes, homenageada da festa pelo seu aniversário de 60 anos.
Repórter: Milena Fahel
Estudante do Bacharelado em Políticas Públicas (UFSB), Licenciado em Ciências Humanas e Sociais e suas tecnologias (UFSB), Pós-graduado em Tecnologias WEB (UNOPAR), Graduado em Análise e Desenvolvimento de Sistemas (UNOPAR) & Técnico em redes computadores (SENAI-BA). Jornalista-MTE, sob o número 0006311/BA
“A macaxeira é popular
É macaxeira pr’ali, macaxeira pra cá
E em tudo que é farinhada a macaxeira tá.” (Djavan)