Natal sediará o maior carnaval fora de época do mundo neste fim de semana. O Carnatal acontecerá de 9 a 12 de dezembro. Desde setembro, quando a micareta foi confirmada, surgiu uma pergunta que tem ganhado cada vez mais repercussão à medida que a folia se aproxima: é seguro realizar o evento em 2021, apesar da crise sanitária atual? A preocupação nasce, em sua maioria, porque a micareta aglomera pessoas de diversos lugares do mundo.

Em 2020, a resposta para a pergunta anterior foi unânime entre realizadores e autoridades: não – tanto que o evento foi cancelado pela primeira vez desde 1991, ano de estreia. Mas, no momento presente, com 76% da população adulta do estado completamente vacinada contra a covid-19 e com a taxa de ocupação de leitos de UTI abaixo dos 45%, a resposta é outra. O Governo do Estado e a Prefeitura do Natal autorizaram a realização de grandes eventos, que inclui o Carnatal.

Em estados como São Paulo e Bahia, o a realização do carnaval ainda não é certeza. Ao menos 53 municípios paulistas já afirmaram que não terão a festa, apesar dela acontecer somente em fevereiro de 2022. Em território baiano, berço da folia e reduto da axé music, o governador Rui Costa (PT) comentou na semana passada que “não colocarei a população baiana em risco (…). O carnaval não pode estar acima da vida das pessoas”. No RN, a folia já bate à porta.

Nas duas semanas da realização do evento, mortes por covid-19 têm sido registradas no estado potiguar. Casos do vírus continuam sendo contabilizados. Porém, os números são inferiores aos do período em que a imunização em massa não era uma realidade nacional. A vacina, aliás, é a principal aliada na promoção da segurança epidemiológica do evento, segundo o diretor do Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (LAIS/UFRN), professor Ricardo Valentim.

“Hoje, nós temos uma excelente ferramenta, que é a imunização. Hoje é mais seguro fazer o Carnatal, fazer um mega evento do que no ano passado. O risco de contaminação existe, porque estamos no meio de uma pandemia. Mas outros lugares do mundo estão fazendo eventos ao ar livre. Agora, (tem que ter o) passaporte vacinal, todo mundo com as duas doses”, detalhou, reforçando a necessidade dos organizadores do evento e das autoridades sanitárias em aplicarem controle de fiscalização.

“Em 2021 é bem mais seguro fazer qualquer evento do que no ano passado, em um cenário em que não existia vacina. Temos que lembrar que, em 2020, tivemos mega eventos no estado, como o réveillon nas praias. Esse eventos aconteceram em ambientes abertos, que são lugares mais seguros. Mas a insegurança em relação à propagação do vírus era muito maior”, comentou, relembrando que a testagem foi a medida preventiva adotada à época.

Ricardo Valentim destacou que se a taxa de ocupação aumentar e o número de casos cresça, “o estado e o município tem que rever e certamente colocar medidas restritivas para que o evento não ocorra”. Ele pondera que “hoje, não existe nenhum indicador que aponte para esse cenário, quando considerando os indicadores de imunização e de ocupação de leitos. (Por isso), o nível de segurança é muito alto”.

O pesquisador enfatizou que, apesar de 250 leitos terem sidos desativados no SUS do estado, a demanda por assistência médica relacionada à covid-19 tem caído com o passar dos dias. A média móvel na ocupação de leitos críticos operacionais era de 407,7143, em 26 de junho. Esse número começou a cair desde então até atingir 162,1429, na terça-feira (23). Os dados são referentes ao período de seis meses.

Nesta terça, a Organização Mundial de Saúde (OMS) afirmou que o mundo está entrando em uma quarta onda da pandemia. Sobre o tema, Ricardo Valentim, esclareceu que “é necessário ter cuidado com essa quarta onda, pois ela está ocorrendo na União Europeia e nos (países) que cientistas estão chamando de ‘Europa não vacinada’”.

A avaliação de quarta onda é da diretora-geral-adjunta de acesso a medicamentos e produtos farmacêuticos da OMS, a brasileira Mariângela Simão. Ele afirmou que o programa de vacinação no Brasil está andando bem. Mas, com base na situação na Europa, se mostrou receosa com o futuro da pandemia no país em razão das discussões em curso sobre o carnaval. “Me preocupa quando vejo no Brasil a discussão sobre o carnaval. É uma condição extremamente propícia para o aumento da transmissão comunitária. Precisamos planejar as ações para 2022”, alertou.

O que diz o Carnatal?

Em nota encaminhada ao Agora RN, a Destaque Promoções afirmou que “com a melhoria do cenário epidemiológico e início do escalonamento do percentual do público em eventos, o Carnatal previamente submeteu à Secretaria Estadual de Saúde protocolo sanitário que foi aprovado com duas doses de vacina (quando o imunizante não for de dose única), mediante as demais medidas protocolares como uso do álcool em gel, acesso com uso de máscara e certificação antecipada de vacina que estão sendo cumpridas”.

A edição de 2021 receberá Anitta, Bell Marques, Claudia Leitte, Daniela Mercury, Léo Santana, Ricardo Chaves, Banda Eva, Parangolé, Márcia Freire, Pedro Sampaio, Raí Saia Rodada, Tarcísio do Acordeon, Barões da Pisadinha, Henrique e Juliano, Rafa e Pipo Marques e Henry Freitas.

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