Foto: Beto Badaró – 1984

Hoje o Teatro Municipal de Ilhéus completa 35 anos de sua reinauguração, tendo na abertura a apresentação do grupo mineiro de balé O Corpo.

Transcrevo texto de Jorge Amado sobre o teatro, publicado na Revista Ilhéus em 1987:

A notícia da restauração do Cine Teatro Ilhéus, que acaba de ser efetuada, causa-me grande satisfação. Razões sentimentais, razões culturais, tocam minha sensibilidade de ilheense – filho adotivo de Ilhéus, pois nascido em Ferradas, nem por isso menos fiel amante da cidade de São Jorge, onde a infinita beleza da paisagem soma-se à tradição progressista que sempre comandou a vida do grande porto do cacau.

Razões sentimentais: no Cine Teatro Ilhéus, rapazola em férias, namorei nas matinês românticas, roubei beijos e troquei adolescentes juras de amor, emoções inesquecíveis. Razões culturais: o Cine Teatro Ilhéus é parte da memória ilheense, da memória grapiúna, do acervo cultural do cacau. Exerceu constante atividade no sentido de educar a população no conhecimento e na estima da criação cinematográfica e teatral. Recordo a ansiedade com que esperávamos a chegada dos navios da Baiana ou da Costeira, portadores de novidades cinematográficas e, vez por outra, da excitante presença de um artista do palco ou um grupo de teatro, sem falar nos conferencistas habituais naquele então. Os conferencistas, elitistas e pobres, preferiam a sala da Intendência Municipal, talvez por ser mais solene, certamente por ser gratuita.

Está de parabéns o prefeito Jabes Ribeiro, que vem cumprindo o mandato recebido do povo com evidente e elogiável preocupação de valorizar a cultura, tão necessária quanto pão e o trabalho. Está de parabéns igualmente a empresa Sergen que realizou a restauração com competência e devotamento”. Jorge Amado (REVISTA ILHÉUS, 1987).

Texto publicado pelo amigo José Nazal

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