“Quem é rei não perde a majestade”, assim diz um ditado popular. A Bahia já comandou o cacau do país e do mundo. E pode voltar a ser grande. Alguns poderiam dizer, isso é só uma visão otimista! Nada disso. Ariano Suassuna, escritor paraibano registrou: “O otimista é um tolo, o pessimista é um chato, eu sou um realista esperançoso”.
Realidades esperançosas, eis aí a diferença entre seres humanos que realizam versus os que apenas falam.
Clique aqui para fazer parte do novo CANAL do Ilhéus.Net no WhatsApp.
Clique aqui para fazer parte do GRUPO do Ilhéus.Net no WhatsApp.
Entrevistei o Pedro Ronca, dirigente do “CocoaAction Brasil”. Uma iniciativa que envolve toda a cadeia produtiva do cacau, conectada ao “World Cocoa Foundation“. Então, aí já está o início da minha esperança realista. Observo que cadeias produtivas que estabeleçam diálogo, respeito e confiança progridem. Outras que vociferam, berram e brigam entre si, mais cedo ou tarde se destroem juntos.
O cacau brasileiro não abastece a demanda da indústria do país. Obriga a importação. Importamos de 50 a 60 mil toneladas anuais. Outro “insight“ que revela não termos problemas de demanda, e sim de oferta. Alvíssaras, temos mercado, falta produto. Ah, mas olha o drama da produtividade: produtividade média do cacau baiano é de apenas 150 kg/ha. E quanto poderia vir a ser com boas práticas? 1000 kg/ha. E isso é considerado de baixo desafio técnico e de intensificação. Qual a receita que essa produtividade geraria? R$ 10 mil /ha. Significaria multiplicar por 6 ou 7 vezes a renda bruta atual. Outra oportunidade realista. Significaria dizer, “basta fazer o que os técnicos da Ceplac ensinam !”. Ah, mas tem outro drama. Acesso a recursos financeiros.
Me impactou ver que o cacau numa lista de 50 culturas no crédito do custeio, fica na 44ª posição. Abaixo do pêssego, do alface, empatando com grama e agroartesanato. Nada contra as lavouras de especialidades, porém cacau é coisa grande. Movimento mundial do agribusiness do chocolate em torno de US$ 100 bilhões. Então não tem dinheiro por que não estamos organizados ou não estamos organizados porque não tem dinheiro? Vejo uma atividade atraente para enriquecer e não um setor desanimado para empobrecer.
E ainda mais. As unidades processadoras de cacau no Brasil estão exatamente no eixo Ilhéus / Itabuna. Corporações globais que precisam cada vez mais atender e responder por sustentabilidade, responsabilidade social, criar um sistema de saúde desde os microbiomas, a originação até o consumidor final. E nesse novo agro, já batizado de agricitizenship. Agrocidadania. Cabem e são desejados sim milhares de famílias agrícolas, ao lado de árvores. Os símbolos mais esperados doravante em qualquer atividade de todas as cadeias produtivas. E nesse quesito o cacau da Bahia é fértil de valores, como pequenos produtores familiares e Mata Atlântica.
O que falta? Crescer a produtividade. Organização associativista, cooperativismo, liderança esperançosa e realista para colocar todo mundo no mesmo chocolate: pesquisadores, produtores, industrias, bancos, governo e consumidores finais brasileiros e mundiais.
A existência da sociedade civil organizada, pré-competitiva, público-privada multi-stakeholders como a CocoaAction é o exemplo de como será o futuro em tudo: governança e liderança. Por isso, o cacau da Bahia vai voltar a ser grande. Fiquei um realista esperançoso.
*José Luiz Tejon é jornalista, escritor, professor e publicitário (TCA International)

Franklin Deluzio é graduado em Filosofia (UESC), possui graduação incompleta em Física pela Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), como também graduação incompleta em Licenciatura Interdisciplinar pela (UFSB), é Especialista em Gestão Pública Municipal (UESC), Conselheiro de Saúde, Fiscal do Sistema E-TCM, Design Digital Júnior, Design Editorial Júnior, Servidor Municipal de Ilhéus/BA e estrategista em Geomarketing Eleitoral. DRT n. 0007376/BA.
Áreas de interesse: Gestão e Desenvolvimento Urbano, Políticas Públicas, Plano Diretor, Administração de Recursos, Gestão Logística, Filosofia da Educação, Existencialismo, Ética e Discurso, Filosofia da Ciência, Meteorologia, Poder, Verdade e Sociedade em Foucault, Filosofia Jurídica e autores como Heidegger, Bauman, Habermas, Foucault, Derrida, Deleuze, Sofistas, Nietzsche, Sartre, Hannah Arendt, Freud, Carlos Roberto Gonçalves e Giovanni Reale.