Dois jovens que ficaram presos por um ano e nove meses após serem acusados de participar de uma tentativa de latrocínio (roubo seguido de morte), em Ilhéus, tentam retomar a vida depois que foram absolvidos por unanimidade pelo Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA).

O assalto que motivou a prisão dos dois ocorreu no dia 8 de junho de 2018. Na ocasião, três pessoas foram rendidas. Um policial militar levou um tiro na coluna e ficou tetraplégico.

Na madrugada do dia seguinte, Davi Batista Fernandes dos Santos, e Ueverton Freire de Santana, foram presos.

Na época, a defesa de um dos jovens afirmou que ele foi confundido com uma outra pessoa. Nessa mesma ocasião, um suspeito, com características semelhantes às de Davi, foi achado na cidade.

As famílias tentaram provar a inocência dos dois. Mesmo assim, eles foram condenados em novembro de 2018, a 22 anos de prisão. A absolvição saiu seis meses depois.

Desde então, os jovens contam que as memórias do período em que passaram presos ainda são fortes. Além disso, eles afirmam que sentem vergonha e medo por causa da situação.

“Eu já sofri muito com tudo isso, sofri muito dentro daquele lugar [prisão]. Eu não pude ver meu filho nascer, sem contar que meu estudo, trabalho, tudo isso foi interrompido, mas, graças a Deus, tudo isso foi resolvido”, disse um dos rapazes.

Queriam que eu pagasse por um crime que eu não cometi. Eu passei por muita humilhação na minha vida. Hoje em dia, eu não consigo arrumar um emprego, tive que mudar minha rotina. Queria paz, poder viver minha vida, voltar para minha cidade, normal”, relatou o outro jovem.

O advogado dos jovens pontuou que é um erro típico caso de erro judiciário. “Tudo começou com a investigação (policial). A fragilidade das provas colhidas no inquérito policial. No Tribunal de Justiça, no último dia 5 de março, nós fizemos a sustentação oral e conseguimos efetivamente convencer a todos os desembargadores do Tribunal de Justiça da Bahia, que participaram desse julgamento, incluindo o representante do Ministério Público no segundo grau, que realmente se tratava de um terrível erro judiciário.

E assim, os acusados Davi e Ueverton foram absolvidos por unanimidade”, detalhou o advogado dos jovens, Marcos Bandeira.

A mãe de Davi disse que, apesar de toda a situação que o filho passou na prisão, ele saiu um homem mais forte.

“Afetou sim [o psicológico do jovem], não tem como não afetar. Uma pessoa que viveu dentro do presídio, sair com a mente sem afetar é impossível. No momento, ele está sem trabalhar, tem uma mente boa. Agradeço porque a justiça foi feita”, disse Flávia Maria Batista, mãe de Davi.

Já a mãe de Ueverton disse que o filho não perdeu a esperança de dias melhores, mas que o medo tem atrapalhado a rotina de trabalho e estudos dele.

“Ele saiu bastante fragilizado nessa situação. Ele tem medo de tudo. Acho que a única coisa que ele hoje ainda fala é que quer voltar a trabalhar, voltar a estudar porque ele quer voltar à vida dele normal”, contou Fabiana Freire, mãe de Ueverton.

Assista aqui a reportagem

Informações do G1/BA

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