11 de fevereiro de 2025

Este documentário foi produzido por Mariana Romero e Amanda Guimarães, estudantes do Terceiro Semestre do Curso de Psicologia em 2019.2. Também foi apresentado para uma oficina da disciplina Psicologia Social I, ministrada por Wallace Habbib, professor da Faculdade de Ilhéus (CESUPI). Ambas residem em Ilhéus-Bahia.

O intuito foi fazer jus ao título: representar as pessoas/artistas negras e indígenas da nossa cidade. A atitude de utilizar meios de comunicação e ambientes acadêmicos para pautar, debater e apoiar o processo de luta desses indivíduos é de extrema importância, visto que somos a parcela privilegiada da sociedade, e o mínimo que podemos fazer é abrir espaço para essas temáticas.

No Brasil, dizem que hoje em dia não há mais racismo, enquanto estatísticas comprovam que 75% dos homicídios que ocorrem são negros. Tribos indígenas invadidas, perseguidas, queimadas, líderes indígenas mortos e o restante expulso de suas terras. Parece que estou lendo um capítulo de um livro de História? Mas são manchetes de 2019! E é assim que, escancaradamente, ainda vivemos um genocídio da juventude negra e indígena.

E além de pouca conscientização, há uma distorção da realidade quando algumas pessoas apoiam o “racismo reverso”, alegando que o negro/indígena também é racista com o branco. O que essas pessoas não entendem é que a opressão vem de cima, isto é, daquilo que está no poder, do que é tido como padrão.

Para que exista racismo contra brancos, seria necessário apagar toda a História da humanidade e refazer numa realidade em que os brancos sejam os escravizados, perseguidos, miscigenados (que é uma forma bonitinha de dizer: estuprados), proibidos de falar sua própria língua e terem sua religião marcada como “demoníaca”, impedindo-os de a cultuarem.

Um bom exemplo, para ficar simples, é o caso da Lei Áurea. Vai uma pergunta: a abolição da escravidão poderia ter sido assinada por uma mulher negra? A resposta é não. Porque era Princesa Isabel, mulher branca impulsionada por interesses políticos e pressão internacional que tinha o poder necessário de decidir qual seria o destino das pessoas negras. E é a ela que “agradecemos” parte da desigualdade social brasileira, pois foi a partir do desamparo e falta de recursos proporcionados aos negros após a abolição, que os mesmos decidiram continuar trabalhando para brancos, e ,desta forma, indo para as margens das cidades.

Atualmente, esse processo DEVE ser diferente. O fato de uma mulher branca ter assinado a Lei Áurea é justamente o oposto da representatividade.
Até porque, se a mesma estivesse na pele de quem de fato sofreu com o racismo e com a colonização, ela entenderia que cortar as correntes das mãos não é cortar as correntes mentais e sociais. E é exatamente por isso que eu e Amanda decidimos fazer esse documentário. Se é pra ter revolução, que dessa vez venha por empoderamento coletivo de um grupo social marginalizado, e não por terceiros padronizados.

Então gostaríamos de deixar essa reflexão: privilégio não quer dizer que sua vida foi fácil, mas sim que sua etnia não dificultou mais ainda. Reconhecer a dívida histórica para com esses indivíduos não é dizer que somos racistas, e sim que nossos antepassados eram e hoje muitas pessoas ainda sofrem com o impacto desses pensamentos.
No entanto, atualmente, o que vem acontecendo é que esses indivíduos lutam diariamente para realizar a negação da negação da identidade que a eles é suposta, se empoderando cada vez mais.

Agradecimentos especiais:

– Wallace Habbib: por proporcionar essa oficina, com uma temática contemporânea e tão necessária nos dias de hoje;

– Natalia Santos, Mariane Nunes, Laís Tupinambá e Daniel Amaro por se prontificarem a participar, contribuindo para a realização deste documentário;

– Yuri Felippe Portela e Luna Argollo pela ajuda na locomoção.

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