Patricia, da marca Modaka, exibe amêndoas caramelizadas, um dos produtos que faz com o cacau.

No sul da Bahia, a diferença principal entre os tempos dos coronéis e o de hoje é que na própria fazenda é possível ver todo o processo de produção do chocolate “from tree-to-bar”, expressão inglesa que significa “da árvore à barra”.

Outro tipo de produção que tem se proliferado na região é o “from bean-to-bar”, ou da amêndoa à barra. Ambos são muito valorizados pelo mercado, sobretudo porque trazem em si conceitos de respeito à natureza, aos trabalhadores, de sustentabilidade e o melhor: a produção de amêndoas de qualidade.

Essas formas de produção têm feito o setor do cacau voltar a crescer no sul da Bahia e puxar junto com ele opções de renda, como o turismo em fazendas produtoras, nas quais se pode acompanhar de perto todo o processo produtivo e viver experiências únicas na Mata Atlântica.

De acordo com a Associação dos Produtores de Chocolate de Origem do Sul da Bahia (Chocosul), onde há cerca de 45 mil produtores de cacau, as fazendas estão com entre 20 a 30% da produção voltadas para as amêndoas de qualidade, que nos últimos dois anos movimentou R$ 1,2 bilhão, segundo a entidade.

“Há um esforço coletivo pela qualidade do chocolate ‘bean-to-bar’ na Bahia e no Brasil, sobretudo pela valorização que tem no mercado para esse produto”, disse Pedro Magalhães, presidente da Chocosul. O maior comprador das amêndoas finas é a marca de chocolates Dengo, pertencente à Natura, empresa de cosméticos.

A Dengo, segundo produtores, costuma pagar R$ 300 na arroba da amêndoa selecionada (são 15 quilos cada arroba), enquanto na indústria a arroba não é vendida por mais de R$ 153, quase o mesmo valor da arroba do cacau convencional (R$ 150).

A empresa informou que ano passado chegou a pagar R$ 1.590 numa saca de 60 quilos de amêndoa de cacau especial, devido à alta qualidade, e preferiu não comentar outros números sobre mercado da empresa, considerados estratégicos.

Mas diz que a valorização da amêndoa de qualidade por parte dela varia de 70% a 160% acima do valor de mercado convencional. A empresa compra cacau fino de 138 produtores do sul da Bahia e também e sua prioridade total é a produção no sistema “bean-to-bar”, na qual também está inserida.

Após morar no Canadá. Marcela assumiu a fazenda da família e criou a marca de chocolate Cacau do Céu Chocolates Finos.

Da fazenda para a loja

E em Ilhéus, o conceito de produção “bean-to-bar” já saiu das fazendas e está na área comercial do centro da cidade, onde a empresária Marcela Monteiro de Carvalho, 44, há 9 anos, abriu uma loja exclusivamente deste segmento.

Marcela é nascida em Ilhéus e bisneta do coronel Manoel Misael da Silva Tavares, que foi um dos maiores produtores individuais de cacau da cidade. A loja, onde trabalham quatro pessoas, é tocada em sociedade com a irmã, Manuela, 47.

Marcela é formada em administração e pós-graduada em comércio internacional, com experiência profissional numa firma de exportação. Após uma temporada no Canadá, ela atuou por sete anos como militar do Exército, no cargo de tenente oficial temporário, entre 2011 a 2018. “Eu levava a vida de forma paralela ao chocolate”, conta.

Ela e a irmã Manuela usam as amêndoas especiais do produtor João Tavares para produzir bombons (mais de 40 sabores, alguns exóticos, como alfazema e jabuticaba), os quais são vendidos na loja da marca Cacau do Céu Chocolates Finos.

Apesar de a família ter décadas com produção de cacau, ela é da 1ª geração na produção de chocolate. Estão se preparando para ano que vem lançar uma linha de produtors “tree-to-bar”, com o cacau da fazenda Boa Lembrança, de 75 hectares e pertencente à família. “Comecei ao contrário”, ala brinca. Com 14 anos, Marcela vendia bombom na escola. Em 2008, ela foi morar no Canadá e quando voltou fez cursos de “bean-to-bar”.

Para ela, “essa forma de produção representa um novo tempo para a região do sul da Bahia, é uma oportunidade que estamos tendo de construir uma nova história e mostrar que a nossa principal atividade econômica está muito viva, gerando empregos e se reinventando para melhorar a produção e oferecer produtos diversificados”.

Engenheira do cacau

A história da empresária Patrícia Nunes Viana, uma engenheira civil de 50 anos, não é muito diferente. Ela está mergulhada no universo das amêndoas de qualidade desde 2012.

Um ano antes, ela havia deixado Salvador para assumir a fazenda centenária dos pais Fernando Botelho Lima, 77, e Áurea Maria Lima, 76, localizada em Barro Preto. Na propriedade rural de 270 hectares se planta cacau desde 1896.

Nascida na cidade do Rio de Janeiro, numa época em que era comum os deslocamentos das famílias abastadas do sul da Bahia para o estado fluminense, Patrícia não perdeu tempo e lançou a marca Modaka, hoje referência no sul da Bahia em chocolates finos (70% cacau, com variações de sabor) e amêndoas crocantes caramelizadas que são vendidas em caixas e consumidas diretamente. Ela faz ainda cacau em pó, manteiga de cacau e o nibs, usado na culinária especializada.

“Estamos lançando uma linha de geleias feitas de cacau e outras frutas que produzimos na fazenda, tudo de maneira orgânica. Com isso, vou dando continuidade ao trabalho dos meus pais, no melhor aproveitamento da produção da fazenda como um todo, não só com o cacau”, disse, informando em seguida que os produtos da Modaka estão em lojas especializadas do Sul e Sudeste.

O trabalho dos pais a que Patrícia se refere foi o início de um recomeço na fazenda São José, onde a produção de cacau antes da vassoura-de-bruxa chegou a 140 arrobas de cacau (são 15 quilos cada a arroba). Com a queda na produção, o jeito foi beneficiar o que já tinha aos montes na mata e não era aproveitado economicamente: as frutas.

Fazer polpas de cajá, cacau, manga, jenipapo e jabuticaba foi uma alternativa de sobrevivência, observa Patrícia, diante da situação preocupante: “Em 2008, minha mãe deu a ideia para o meu pai de trabalhar com derivados do cacau, e eles foram um dos pioneiros nessa questão de agregar valor ao produto”.

Não demorou muito, a fazenda São José passou do cultivo convencional ao orgânico e hoje é uma das 31 associadas da Cooperativa Cabruca, sediada em Ilhéus e da qual só participa quem tem o selo do IBD Certificações para produtos orgânicos. Os cooperados produzem, cada um, entre 80 a 100 toneladas de cacau ao ano.

Mais de 60% da produção é exportada para Suíça e Itália, e o restante das amêndoas é usada para a produção de produtos especiais, como chocolates, cachaças, vinhos, geleia, melaço, mel de cacau, além de combinações que resultam em alimentos, a exemplos de granolas com cacau e farinha de tapioca, e nibs com rapadura.

À frente da Senô Chocolates Finos, a empresária Leonor Lavigne de Lemos e o irmão Antônio Lavigne de Lima, 35, são desses que também assumiram a fazenda da família e estão dando nova cara aos produtores de cacau da região.

Eles têm nas amêndoas de qualidade a principal ferramenta para desenvolver bons negócios na fazenda Alegrias, de 158 hectares, localizada entre Ilhéus e Itabuna. Eles são a 6ª geração da família na mesma propriedade rural, onde a produção de cacau vem de mais de há 200 anos.

Depois de penar por conta da vassoura-de-bruxa, a primeira barra de chocolate, finalmente, veio em 2015, e hoje é produzido também geleias, mel e o próprio nibs, tudo com amêndoas selecionadas.

“Buscamos fazer a colheita do cacau na maturação certa para dar melhor qualidade ao produto. Da nossa produção de 30 toneladas, 25% é de cacau fino. Nossa expertise é a amêndoa de qualidade, com ela produzimos também o nibs, fazemos o mel de cacau, geleias, o melaço”, comentou Leonor.

Do Bataclan para a fazenda

Se você quer ver transformação na zona cacaueira no sul da Bahia, não deixe de ver o que o casal mineiro Carlos, 49, e Taís Tomich, 48, estão promovendo na Fazenda Capela Velha, localizada em Uruçuca.

Depois de reformar o Bataclan, antigo ponto de encontro de coronéis da região, e hoje famoso restaurante e um dos pontos turísticos de Ilhéus, eles resolveram avançar para o campo e fundaram a marca DoCacao, que produz chocolates e outros produtos, como mel, geleias e nibs “from-tree-to-bar”.

Desde 2010, quando assumiram o Bataclan, que eles vêm promovendo reformas na fazenda Capela Velha, de 140 hectares. A propriedade rural estava abandonada há 17 anos quando a assumiram. A antiga dona, Adolfina Alves de Carvalho, faleceu um ano antes de a vassoura-de-bruxa dizimar os pés de cacau.

“Com isso, os filhos dela não quiseram assumir a fazenda. Essa foi uma realidade de muitas propriedades: a falta de sucessão”, disse Carlos Tomich, informando em seguida que sempre foi um desejo do casal investir em uma fazenda de cacau na região de Ilhéus.

“Acho que as pessoas de fora têm esse olhar diferenciado para as fazendas do que quem mora aqui. Parece que a praga da vassoura-de-bruxa ainda não saiu da cabeça de muita gente, que fala do problema como se ele tivesse ocorrido no final de semana passado. O que estamos fazendo é mostrar que isso é passado”, declarou.

Na Capela Velha, que possui esse nome por conta de ter em sua área uma antiga capela (de 1923), hoje em ruínas, onde eram celebrados casamentos da região, os Tomich fizeram um receptivo no local onde antes funcionava uma barcaça para secagem do cacau.

Parte da estrutura original foi mantida, e foram realizadas adaptações com vistas a transformar o local num espaço que sirva para a realização de cafés da manhã, almoço e jantar. Objetos antigos da fazenda decoram o ambiente, onde podem ser comprados ainda chocolates finos de várias marcas, geleias, doces, cachaça e vinho de cacau.

A comida oferecida na fazenda é do mesmo nível do Bataclan, marcado pela culinária refinada. Aliado a isso, a propriedade rural oferece passeios pelas roças de cacau. “Estamos nos preparando para montar as hospedagens, não vai demorar a ter”, disse Tais.

No momento, cerca de 40 pessoas por semana visitam a fazenda, e a expectativa é que no final do ano esse número chegue a cerca de 100. Os preços de visitação na fazenda são variados, a depender do que a pessoa for fazer e da quantidade de refeições. A visitação só ocorre de forma agendada.

Fazenda do coronel

Se você pensou em hospedagem numa fazenda de cacau para conhecer mais de perto essa nova realidade da região, uma bela opção é a Fazenda Provisão, localizada na Estrada do Chocolate, no km 27 da BA-262, entre Ilhéus e Uruçuca (lei mais sobre essa estrada abaixo).

O primeiro dono Fazenda Provisão, de 175 hectares, foi o coronel Domingos Adami de Sá, um italiano que fora prefeito intendente de Ilhéus, entre 1904 e 1907. A fazenda fica próxima da antiga estrada de trem e possui 198 anos.

Na propriedade rural há uma aconchegante capela em homenagem a Nossa Senhora da Conceição, logo na porteira. É possível fazer passeios pelas roças de cacau, degustar do fruto e beber o mel ou o suco, e há ainda outras frutas, como jenipapo, cupuaçu, jambo, graviola, jaca, da qual são feitos doces, oferecidos aos visitantes para venda.

Há também a opção de fazer um passeio de canoa pelo rio Almada, que passa dentro da propriedade e ao lado do casarão da hospedagem principal. No total, são sete quartos (alguns com camas de solteiro e outros de casal) que comportam 14 pessoas de maneira confortável – há ainda um anexo voltado para hospedagem.

Quando a reportagem esteve na propriedade, num dia de quinta-feira de julho, o surfista profissional Ramon Alves, catarinense de 29 anos, fazia as malas para deixar o local, após ter chegado quatro dias antes junto com um amigo também surfista. Preferiram ficar na fazenda a se hospedar num hotel no centro de Ilhéus.

O surfista é natural de Imbituba, no litoral sul de Santa Catarina. “Estou muito satisfeito com a fazenda, tudo ótimo – café da manhã, almoço, janta. Descobri aqui por meio de um patrocinador meu, o Chocolate Origens, de Santos [SP]. É excelente para quem quiser vir, tranquilidade paz e chocolate”, resumiu.

A diária para fazer o passeio no local é de R$ 25 a R$ 30 por pessoa – o valor depende da quantidade de pessoas. As visitas ocorrem sempre de forma acompanhada. O café da manhã, com frutas típicas do sul da Bahia, como graviola, cupuaçu e cacau, é apelidado de “café do coronel”. As visitas são agendadas previamente por email ([email protected]). Para se hospedar, são R$ 200 por pessoa, com direito às três refeições.

Enquanto o surfista saía, chegava o casal José Vieira, um professor de 53 anos, e a esposa Rosemeire Malaquias Castro, 47, ambos de São Paulo. Estavam pela primeira vez na fazenda e foram junto com um grupo de 20 turistas.

“Já viemos pensando em fazer a visita nas fazendas, queríamos conhecer de perto a produção de cacau, adoramos chocolate. E gostamos muito de história também, essas fazendas são muito ricas em história”, declarou Vieira.

Novos tempos

A fazenda é um retrato também da mudança que houve nas propriedades rurais da região depois da vassoura-de-bruxa. Por conta da crise, alguns fazendeiros, na busca por meios de se manter na propriedade, passaram a fazer parcerias com os funcionários e dividir a produção de cacau.

Na parceria, 50% da produção fica com o funcionário, que comercializa diretamente a amêndoa no mercado, e o restante vai para o dono da fazenda, responsável também por arcar com eventuais custos com a produção, como adubação e insumos agrícolas.

Nesse sentido, Rigoberto dos Santos, 55, gerente da fazenda Provisão há 5 anos, avalia que a vassoura-de-bruxa beneficiou os pequenos produtores e os empregados.

“Antigamente, se algum trabalhador aparecesse com um saco de amêndoa de cacau no mercado para vender apanhava até dizer onde roubou, só quem poderia vender eram os fazendeiros”, ele disse.

A Fazenda Provisão é uma das 138 cadastradas no sul da Bahia para vender para a marca de chocolates Dengo, de propriedade da Natura, empresa de cosméticos. As amêndoas passam antes da comercialização pelo teste no Centro de Inovação do Cacau (CIC), na Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc).

“A amêndoa vendida para a Dengo é a que chamamos cor de ouro”, afirmou Santos. “Enquanto no mercado convencional, se paga R$ 153 na arroba da amêndoa selecionada, a Dengo paga até R$ 300”, disse, informando em seguida que a fazenda produz 4 mil arrobas de cacau por ano – antes da vassoura-de-bruxa eram 14 mil.

Dono da fazenda, Roberto Novaes, 46, é da 5ª geração da família que está na fazenda – ele é tataraneto de Domingos Adami de Sá. Segundo Novaes, os turista que aparecem mais na propriedade são do Sul e Sudeste do país, de 30 a 50 pessoas por semana.

“Por ano, recebemos média de 600 a 700 turistas por operadoras, fora os que vêm sem ser por agências. Aqui, eles conhecem nossa fabricação de produtos artesanais, como de rapadurinha de nibs (100% cacau), e cocada. Além disso, oferecemos doces de frutas da época – jambo, jenipapo, cupuaçu, graviola, jaca. O que tiver, a gente transforma em doce”, afirmou.

Turismo rural avança a passos lentos e associação reclama do Estado

Ativo há um ano, o turismo em fazendas de produção de cacau nos 45 km da Estrada do Chocolate, na BA-262, entre Ilhéus e Uruçuca, no sul da Bahia, tem conquistado público, apesar de haver apenas seis propriedades que atendem aos turistas, das 20 iniciais previstas.

As que funcionam recebem entre 30 e 60 visitantes por semana e para o próximo verão a expectativa é que esse número aumente para pelo menos 100 pessoas por semana, segundo informações da Associação de Turismo de Ilhéus (Atil), entidade com 40 associados ligados ao trade turístico da região.

Resultado de uma parceria entre o poder público e a iniciativa privada, a Estrada do Chocolate é considerada a primeira estrada temática da Bahia. Além das fazendas, a rota inclui também fábricas de chocolate, áreas preservadas de Mata Atlântica e casarões históricos às margens da BA-262.

O roteiro turístico foi articulado entre Secretaria do Turismo da Bahia (Setur), a Secretaria de Planejamento da Bahia (Seplan), Secretaria de Infraestrutura (Seinfra) e a Associação de Turismo de Ilhéus (Atil). O Serviço Brasileiro de Apoio a Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) atuou com capacitação e captação de negócios.

No momento, das seis fazendas cujas porteiras estão abertas ao turismo, apenas duas contam com hospedagem e as demais são apenas para visitas, cujo custo varia entre R$ 25 a R$ 30 por pessoa, fora despesas como alimentação na propriedade rural, onde é servido café da manhã, almoço e jantar. Importante ter na bagagem repelentes, devido aos mosquitos, e quando for para a mata usar sapatos ou tênis fechado, além de roupas que cubram o corpo.

As fazendas conservam boa parte das estruturas antigas dos casarões dos tempos áureos do cacau, quando a produção da amêndoa chegou a 400 mil arrobas por ano, durante a década de 1980, e era uma das principais riquezas da Bahia. Os casarões conservam móveis antigos, alguns ainda em uso e outros apenas como decoração.

Ao mesmo tempo em que proporcionam a vivência da época dos coronéis do cacau – algo que povoa o imaginário popular, devido aos livros de Jorge Amado (1912-2001), muitos dos quais viraram novelas e filmes que rodaram o mundo –, as fazendas focam no presente e mostram aos turistas o novo momento que elas vivem.

Passeios a cavalo

Na Fazenda e Haras Ilha Bela, a 21 km de Ilhéus, o turista pode vivenciar uma outra experiência: cavalgar por entre os pés de cacau. Ao todo, são 20 animais disponíveis para esse fim, segundo informou Josias Miguel Santos, um dos gerentes da fazenda e diretor da Associação de Turismo de Ilhéus (Atil).

“Não temos produção de chocolate, e os pés de cacau são mais para o turista fazer as trilhas, colher os frutos, quebrar e comer por lá mesmo”, disse Santos. A Ilha Bela possui ainda um grande lago com pedalinhos, onde é possível realizar a prática do “pesque e pague”, e tem ainda hortas orgânicas, onde a pessoa também pode “colher e pagar”.

Além de visitações diárias, ao valor de R$ 50, a fazenda tem hospedagem, que custa R$ 160 a diária. São quatro suítes onde cabem 4 pessoas cada, equipadas com TV, ar-condicionado e frigobar. A fazenda tem ainda uma piscina e oferece rede de internet por wi-fi.

“Não temos ainda produção de chocolate, mas vamos fazer, assim como a cerveja artesanal. Hoje temos produção de queijo, leite in-natura e coalhada. A pessoa que nunca tirou leite de vaca por fazer isso na fazenda, por exemplo. Buscamos promover experiências que só se vivem no campo”, disse Santos.

Saindo da Fazenda e Aras Ilha Bela, o diretor da Atil, ao avaliar o cenário atual das fazendas que estão na rota do chocolate do sul da Bahia, comentou que o setor tem avançado, “mas precisa de maiores cuidados do setor público, sobretudo da Secretaria de Turismo do Estado da Bahia”.

Dentre os problemas apontados, estão a falta de manutenção na BA-262, onde há buracos em diversos pontos da pista, além do mato que tomou conta das margens da rodovia, praticamente fazendo sumir o acostamento.

“O Governo da Bahia não tem avançado sobre isso, a Secretaria de Turismo tem sido omissa. Há cerca de dois meses tivemos reunião e ficaram de enviar funcionários para uma visita técnica, mas isso não ocorreu ainda. O governo aportou mais de R$ 400 mil no início do projeto, depois parou”, disse.

De acordo com Santos, essa verba foi gasta com desenvolvimentos de sites, 25 mil tabletes de chocolates, distribuídos durante eventos de divulgação da Estrada do Chocolate, e outros planos de ação, como os dois totens de chocolates, de 4 metros de altura, localizados um em cada ponta da rota do chocolate.

No que se refere às fazendas que ainda não estão aptas a receber os turistas, o diretor da Atil disse que “cada uma é responsável por fazer a sua estruturação”.

Já na parte industrial, da produção do chocolate, a visita dos turistas ocorre na Indústria de Chocolate da Bahia (ICH), onde são fabricados os chocolates das marcas Chor, Saragana e Gabriela.

A Chor é de propriedade do casal de empresários Marcos e Luana Lessa, e a Sagarana do empresário Henrique Almeida. Eles são sócios-proprietários da ICB, que detém a marca do chocolate Gabriela.

O ICB era um antigo local de confecção de roupas, pertencente ao governo da Bahia. Estava abandonado há mais de 10 anos. Para fazer a reforma e comprar equipamentos, os donos da Chor e da Sagarana gastaram R$ 4 milhões. No local trabalham sete pessoas, e os chocolates são vendidos para todo o país.

“Começamos com a produção do chocolate numa fábrica em Lauro de Freitas, na Região Metropolitana de Salvador, em 2010. Depois nos mudamos para cá, e temos um quadro extremamente otimista para produzir chocolate de qualidade, sobretudo para outras regiões do país”, disse Henrique Almeida.

Ação na estrada

Questionado sobre os problemas da BA-262, a Secretaria de Infraestrutura da Bahia (Seinfra) informou que “está realizando serviços de manutenção” na rodovia, e que “em relação à limpeza do acostamento, vai ser iniciada no mês de agosto”.

A Setur informou que, “dentre as ações desenvolvidas, estão a sinalização turística da rota e implantação da Fábrica Escola do Chocolate Nelson Schaun, em Ilhéus, que passa a oferecer formação profissional a estudantes da região.”

Para a secretaria, “a importância da Estrada do Chocolate não pode ser mensurada pelos valores investidos diretamente pelo Governo do Estado em ações como infraestrutura turística”.

“A Estrada do Chocolate foi concebida como novo produto turístico da Bahia, tendo a função de atrair visitantes para a Costa do Cacau, contribuindo para o desenvolvimento econômico da população local”, diz o comunicado.

“Além de articular parcerias para avanço deste plano, a Setur atua na promoção do destino Bahia, dando visibilidade aos produtos turísticos em feiras nacionais e internacionais. Somente em 2019, a Setur está presente em ações promocionais realizadas em Nova Iorque, Madri, Lisboa, Santiago, Londres, Montevidéu e Buenos Aires, entre outras importantes cidades”.

Informações do Globo Rural

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