Uma turista de Brasília de 41 anos denunciou nas redes sociais que um policial militar, que estava fora de serviço, no bloco As Muquiranas, deu um tapa na bunda dela, no Circuito Barra-Ondina do carnaval de Salvador. De acordo com a postagem de Gabriela Nery, o caso ocorreu na noite de terça-feira (5), quando ela estava na companhia dos amigos. Segundo ela, uma queixa foi registrada em um posto policial montado no circuito.

Em nota, a PM confirmou que um militar foi conduzido para a Central de Flagrantes, depois de ser acusado por uma foliã de importunação sexual nas proximidades de um camarote no bairro de Ondina. Ao contrário do que diz a turista, contudo, a PM informou que a denunciante desistiu de prestar a queixa e, por isso, nenhum procedimento pôde ser adotado.
 

Na postagem, Gabriela, que estava vestida com um maiô amarelo, com franjas pelo braço e meia calça, relata que, antes de ocorrer a agressão, ela pensou em mudar de roupa, com medo de ser assediada.

“Aquele pensamento que nós mulheres temos numa sociedade machista, quando temos que deixar de nos vestir como queremos, ou quando temos que deixar de fazer coisas pelo medo das reações externas. Tomei coragem e fui. […] No final, pra fechar com chave de latão, um folião das Muquiranas (que nós já sabemos ser o pior bloco de todos) me deu um tapa na bunda”, relatou a turista nas redes sociais.

Em entrevista ao G1, a vítima falou que a agressão ocorreu por volta de 23h. Ela pensou inicialmente que havia sido uma brincadeira dos amigos, mas depois percebeu que não era.

“Estava conversando com uns amigos e levei um tapa na bunda, na parte de cima. Chega ardeu. Eu tomei aquele susto: ‘Será alguém brincando comigo?’. Quando eu olhei, era um homem vestido de Muquiranas. Fui atrás dele. Eu achei que não deveria levar aquilo como brincadeira. Não é uma brincadeira. Muitos anos a gente naturalizou isso e, por medo, evitamos de falar, de botar para fora nossa indignação sobre um abuso, um avanço do limite dos corpos, uma falta de respeito”, disse.

Após a agressão, a vítima acionou um cordão policial que estava por perto e foi encaminhada junto com o agressor para um posto policial do circuito. Foi lá que descobriu que o homem era um policial militar.

“Chegando no posto, tiraram a ficha e ele era policial militar. Eu me senti muita acanhada no posto. Eu fiquei nervosa, comecei a falar, mas fui orientada a me calar. Eu aguardei que eles tomassem uma providência. Isso levou mais de uma hora”, contou.

A turista falou ainda que foi intimidada dentro do posto, mas que decidiu continuar no caso porque não poderia se calar.

“Um policial civil me chamou de canto e falou: ‘Esse cara é policial militar, isso vai dar um problema maior. Você quer levar isso adiante?’. Eu falei que queria, que não iria me calar. Que eu achava importante que ele tivesse uma lição. Isso é muito comum, e não quero naturalizar como comum mais. Eu acho que isso tem que acabar”, disse.

Gabriela contou que, depois de horas de espera, a mulher teve duas opções: registrar o caso como flagrante ou fazer a ocorrência. Ela decidiu pela segunda opção.

“Eu decidi ficar na ocorrência. Ele me pediu desculpas, eu aceitei. Ele ficou com nome sujo. Aquilo morreu ali. E eu vim com a ocorrência na mão impressa, já quase 4h da manhã. E assim acabou o carnaval”, disse.

Informações do globo.com/G1

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