O setor de locação de veículos expande-se com a mudança no perfil de usuários e os novos rumos da mobilidade. Seus números são expressivos. Em nível nacional, o segmento faturou R$ 15,3 bilhões em 2018 e atualmente é representado por 1.636 empresas. É também o setor da economia que mais compra carros das montadoras e o principal fornecedor de veículos para os aplicativos de transporte.

“O segmento de locação de veículos, mesmo com esses tempos de crise, vem crescendo ano a ano. Em 2018 tivemos um crescimento da frota em torno de 16%”, afirma Paulo Miguel Júnior, presidente da Associação Brasileira de Locadoras de Veículos (Abla). Ele atribui parte desse resultado à terceirização da frota de empresas e à mudança de cultura do consumo.

“Nos momentos de crise, as empresas tendem a trocar a frota própria por locada. Ela faz dinheiro com seus veículos vendidos e passa ao aluguel. Além disso, a cultura da locação de veículos vem mudando nos últimos anos. As pessoas estão mais voltadas ao uso do que à propriedade. Temos visto uma grande movimentação de pessoas físicas que locam carro eventualmente quando precisam e outras pessoas que trocaram o carro próprio por veículo alugado, por períodos de um ou dois anos”, explica Miguel.

Ele garante que essa modalidade é vantajosa se o cliente, conforme o uso, fizer a conta de depreciação do veículo, documentação, seguro e parcelas de um eventual financiamento.

Outro grande volume de locações refere-se a motoristas de aplicativos (Uber, 99 e Cabify, entre outros). Quando surgiram, eles chegaram a representar um risco para o setor de locações. “Com o tempo percebemos que são grandes clientes. Hoje temos uma parte significativa da frota sendo locada para eles”, conta o presidente da Abla. O período da locação por esses motoristas varia, pois não possui ainda um modelo específico. “O público em geral descobriu que a locação não é difícil nem cara, os preços hoje estão bem acessíveis”.

A chegada de carros elétricos e híbridos também cria boas expectativas ao setor. Um dos modelos mais esperados, por exemplo, é o Toyota Corolla, que deverá estrear o segmento do híbridos flex e ajudar a popularizar essa alternativa de fonte energética no país.

“O preço da locação é diretamente proporcional ao preço do veículo. Os híbridos possivelmente vão chegar com um valor mais passível de locação. Empresas, principalmente na terceirização de frota, já estão escolhendo esse tipo de veículo. Na locação diária não tem muita saída, mas é um mercado interessante”, comenta Miguel. Ele diz que já existe locadora em São Paulo oferecendo apenas veículos elétricos (de passageiro e pesados, como caminhões).

Números expressivos

A entidade, que acaba de lançar o Anuário Brasileiro do Setor de Locação de Veículos 2019, bateu recorde de emplacamentos no ano passado. Para se ter ideia, as locadoras compraram 19,04% do total de automóveis e comerciais leves comercializados no país (praticamente uma unidade a cada cinco emplacadas), consolidando o setor como o principal cliente das montadoras.

A Bahia é um dos principais mercados de locadoras do país, ficando atrás apenas de São Paulo e Minas Gerais e à frente de Paraná, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, estados que já foram potências no setor.

O número de locadoras na Bahia cresceu 16,6% em 2018 em relação ao ano anterior. Hoje o estado possui 965 empresas. Dessas, 195 são locadoras com motorista e outras 770 sem motorista. Na Bahia, o setor absorve 6.319 empregos diretos.

Da frota de veículos das locadoras na Bahia, que totaliza 10.001 (3,7% a mais do que em 2017), 55% são voltados à terceirização; 25%, ao turismo de lazer; e 25% ao turismo de negócios (incluindo nessa última categoria os aplicativos de transporte e locação de pessoas físicas por prazos curtos ou longos).

Novos perfis

De acordo com Marconi José Dutra, conselheiro fiscal da Abla na Bahia, o aumento de número de locadoras é fruto da maior procura pelo uso em vez da posse do veículo. “Essa mudança do perfil do usuário é forte, ele prefere o uso do que a propriedade, não só do carro, mas do apartamento, por exemplo”.

O turismo de lazer no estado, embora sazonal, aponta Dutra, também influenciou nessa alta. Houve acréscimo significativo do número de turistas na Bahia e maior aumento dos últimos cinco anos na ocupação de hotéis.

Já no turismo de negócios houve um decréscimo pela falta de um centro de convenções (um novo está sendo construído) e que levou esses eventos de negócios a migrar para outros estados. “Isso tem um impacto na baixa estação”, explica Dutra. Mas o aumento da demanda de carros de locação por motoristas de aplicativo compensou essa queda.

Carros 1.0, com ar-condicionado, direção hidráulica e vidros e travas elétricos representam mais da metade dos carros alugados na Bahia. Para se ter ideia, os preços em baixa temporada ficam em torno de R$ 100 a diária, com quilometragem livre. Um carro mensal alugado custa a partir de R$ 1.600, informou o Jornal A Tarde.

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