12 de dezembro de 2024

A dona de casa Marliene Cintra dos Santos, 33 anos, já se acostumou com a peregrinação. Há um ano e um mês, pelo menos uma vez por semana, ela sai de casa, no bairro de Teotônio Vilela, em Ilhéus, e vai até a sede do Departamento de Polícia Técnica (DPT) da cidade do Sul do estado. É lá que, desde 10 de setembro do ano passado, está o corpo de seu irmão, Waldiney Cintra dos Santos, 31.

Waldiney morreu carbonizado, dentro da própria casa. Só que é impossível reconhecê-lo. Para o DPT, somente um exame de DNA pode confirmar se realmente se trata dele. O problema é que o material genético é colhido em Ilhéus, mas o exame é feito na sede do DPT, em Salvador.

“Colheram saliva e sangue meus e de minha mãe. Primeiro, disseram que a resposta do exame saía dentro de 15 a 20 dias, mas já passou um ano e um mês. Eu fico sempre indo lá e a resposta é a mesma. Dizem que demora, que é assim mesmo, e tal”, critica a dona de casa.

Na época, Waldiney morava com a mãe no município de Una, também no Sul da Bahia. Numa madrugada de sábado para domingo, a casa foi invadida e Waldiney foi morto. Foi esquartejado e, em seguida, carbonizado. A própria residência onde moravam foi incendiada e completamente destruída.

No entanto, ela e a mãe não têm dúvidas de que se trata do irmão.

“Eu pergunto: por que eles estão guardando esses ossos lá? Parece que estão guardando porque a gente sabe que é ele. A gente encontrou dentro de casa, na parte do quarto que ele dormia. Se não fosse ele, depois desse tempo todo ele já teria aparecido”, desabafa Marliene.

A família não entende as justificativas. Até hoje, não conseguiram enterrá-lo. A mãe deixou de morar em Una – não quis mais construir nada no mesmo terreno. Se mudou para Santa Luzia. “A família está arrasada, porque a gente fica esperando e nada, é uma angústia de todo mundo. Depois desse tempo todo, essa análise não foi feita? Já era para ter sido feita há muito tempo”.

Waldiney não trabalhava. Segundo a irmã, por conta de um problema de saúde, era sustentado pela mãe. Era separado da mulher e tinha um filho – hoje, a criança tem oito anos.

Marliene chegou a tentar pedir auxílio da Defensoria Pública do Estado (DPE), mas desistiu, ainda no ano passado. “Eles explicaram que demorava mesmo, depois a defensora entrou de férias e eu nunca mais voltei lá. Você vai tentando, tentando e não consegue. Por isso, eu desisti”, explica.

*Informações do Correio 24h.

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