Às vésperas do Verão, a Bahia está com 81 das 417 cidades com risco de epidemia de dengue. Os dados que colocam quase 20% dos municípios baianos em risco constam no mais recente Levantamento Rápido de Índice para Aedes aegypti (LIRAa), de julho a setembro de 2018, divulgado nesta terça-feira (16) pela Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab). Para piorar, a maior parte enfrenta situação de emergência pela seca ou estiagem.
O risco de epidemia acontece porque os 81 municípios possuem índice de infestação predial acima de 4%. De acordo com a classificação do Ministério da Saúde, índices acima de 3,9% são sinal de alerta para problema. Entre 0% a 1%, o índice é considerado tolerável e de 1,1% a 3,8%, há alerta para surto.
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Na liderança do ranking aparece a cidade de Jaguarari, no Centro-Norte da Bahia, com índice de 16%. Em seguida, aparecem Jeremoabo (15%), no Nordeste; Senhor do Bonfim (13,1%), no Centro-Norte; Valente (12,5%), no Nordeste; Itabuna (12,3%), no Sul; Sítio do Quinto (11,9%), no Nordeste; São Domingos (11,1%), no Nordeste; Caldeirão Grande (10,8%), no Centro-Norte; e Caetanos (10,3%), no Centro-Sul do estado.
Em comum entre esses municípios há o fato de passarem por longos períodos sem acesso regular à água potável, seja pela estiagem, pela seca ou por problemas no próprio sistema de abastecimento para a localidade.
Sem chuva
O CORREIO cruzou os dados da Sesab com os da Superintendência de Proteção e Defesa Civil da Bahia (Sudec) e eles apontam que, dos 81 municípios com risco de epidemia de dengue na Bahia, há 57 em estado de emergência por causa da estiagem e um por conta da seca – uma estiagem permanente.
Nessas cidades, a falta de água obriga as pessoas a acumular por muito tempo o líquido em reservatórios no chão, sem coberturas. Tudo isso gera uma situação ideal para a proliferação do Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue, zika e febre chikungunya.
Em 2018, só a dengue registrou 798 casos suspeitos nestas 81 cidades. Juntas, elas somam 104 casos suspeitos de chikungunya e outros 113 de zika. Itabuna concentra a maior parte de suspeitas de chikungunya (25) e Riachão do Jacuípe lidera em suspeitas de zika (51).
Menos casos
Em todo o estado, segundo a Sesab, houve 7.796 casos prováveis de dengue, 3.582 de febre chikungunya e 1.047 de zika em 2018. Em relação a 2017, houve redução de 9,76% para dengue, de 60% para zika e 23% para febre chikungunya.
“Casos prováveis são os que foram notificados (depois de) excluídos os que foram descartados”, explica a sanitarista da Vigilância Epidemiológica da Sesab, Akemi Erdens. “Pelo menos até o momento, estamos melhores que o ano passado”, diz.
É importante destacar que o fato de uma cidade ou bairro ter alto índice de infestação predial não significa que haja, neste local, muitos casos de dengue. A líder dos índices de infestação na Bahia, Jaguarari, por exemplo, não notificou nenhum caso de dengue este ano à Sesab. Aliás, dos 81 municípios em risco de epidemia, nenhum teve casos de dengue este ano.
Na Bahia, os municípios que mais tiveram casos suspeitos foram Ilhéus (160), no Sul da Bahia; Pilão Arcado (151), no Vale do São Francisco; Brejolândia (116), no Extremo-Oeste; Ibicaraí (72), no Sul; Riachão do Jacuípe (46), no Nordeste; Igaporã (37), no Centro-Sul; e Itabuna (28), no Sul do estado.
O CORREIO não conseguiu contato com as prefeituras de Jaguarari, Jeremoabo, Senhor do Bonfim e Valente até o fechamento desta edição. Já em Itabuna, o problema tem sido com os imóveis que estão fechados ou abandonados.
Ordem judicial
Itabuna está com mais de 30 mil imóveis fechados ou abandonados que não podem ser visitados por agentes de endemias. Isso levou a prefeitura a buscar na Justiça autorização para fazer o trabalho preventivo. Nesta segunda-feira (15), com ordem judicial da 1ª Vara da Fazenda Pública, agentes de endemias passaram a entrar nesses imóveis acompanhados da Polícia Militar e com um auxílio de um chaveiro para que pudesse abrir os cadeados.
Segundo o coordenador de Endemias da prefeitura de Itabuna, Roberto Goes, a maioria desses imóveis fica nos bairros Centro, Pontalzinho, Zildolândia e Castália. Mas, a preocupação maior é com relação ao bairro Sarinha Alcântara, onde o índice de infestação está em 26%.
O motivo da alta infestação em Itabuna é associada à irregularidade no abastecimento de água, sobretudo nos bairros mais periféricos. Neles, há também imóveis fechados que precisam ser visitados. A cidade tem 131 mil imóveis em 59 bairros e quatro distritos.
“Itabuna vem de duas epidemias, uma em 2009 de dengue, com 12 mortes, e outra em 2016, com chikungunya. Não queremos viver de novo esse momento da cidade, quando até Unidade de Pronto Atendimento da dengue teve de ser instalada”, disse Goes.

Franklin Deluzio é graduado em Filosofia (UESC), possui graduação incompleta em Física pela Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), como também graduação incompleta em Licenciatura Interdisciplinar pela (UFSB), é Especialista em Gestão Pública Municipal (UESC), Conselheiro de Saúde, Fiscal do Sistema E-TCM, Design Digital Júnior, Design Editorial Júnior, Servidor Municipal de Ilhéus/BA e estrategista em Geomarketing Eleitoral. DRT n. 0007376/BA.
Áreas de interesse: Gestão e Desenvolvimento Urbano, Políticas Públicas, Plano Diretor, Administração de Recursos, Gestão Logística, Filosofia da Educação, Existencialismo, Ética e Discurso, Filosofia da Ciência, Meteorologia, Poder, Verdade e Sociedade em Foucault, Filosofia Jurídica e autores como Heidegger, Bauman, Habermas, Foucault, Derrida, Deleuze, Sofistas, Nietzsche, Sartre, Hannah Arendt, Freud, Carlos Roberto Gonçalves e Giovanni Reale.