Nascido e criado na cidade baiana de Ilhéus em uma família de artistas, Jorge Octavio Alves Moreno Filho cultivou um sonho desde menino: mostrar sua obra para o maior número possível de pessoas e ser admirado por elas. Aos 57 anos, usando o nome de Goca Moreno, se tornou um dos artistas plásticos mais produtivos do Brasil.

Ele começou como gravador ainda na adolescência, criando xilogravuras. Foi incentivado a se mudar para Salvador e estudar com o escultor e pintor Mário Cravo Júnior (1923-2018), de quem se tornou discípulo. “Mário virou minha maior referência”, afirma Moreno à ISTOÉ. “Com ele aprendi técnicas de escultura com sucata e até pintura. Mantivemos a amizade e uma parceria até poucos dias atrás, quando se foi.” Com Cravo Júnior, aprendeu a dominar várias técnicas, com igual talento, e a elaborar novas linguagens. Em 1986, voltou a Ilhéus com um diploma em Artes pela Universidade da Bahia, casou-se com Dida Moreno e se estabeleceu com uma galeria.

Goca supõe que sua obra tenha chegado a 10 mil peças — gravuras, esculturas, desenhos, telas e pinturas digitais — embora não tenha organizado um catálogo. Além disso, associou sua vasta produção e seu nome a um local específico. Assim se converteu no logotipo de Ilhéus, a terra do escritor Jorge Amado e cenário de suas histórias mais famosas.

Referência

“Hoje os apreciadores de arte que passam por Ilhéus costumam me visitar”, diz. “Virei uma referência da cidade, e fico feliz em receber todo mundo que me procura.” Ele mantém o Espaço Cultural Goca Moreno, um conjunto de três prédios que sedia sua Galeria e a Casa da Arte Baiana. Na galeria, encontram-se permanetemente expostas 400 obras. Seu ateliê fica a 400 metros do Espaço Cultural. Lá também recebe visitantes.

A empresa é familiar. Um de seus quatro filhos, Camilo, virou assistente. Dida trabalha como curadora e organizadora. O negócio fez sucesso e seu nome se tornou conhecido internacionalmente. “Sou um dos raros artistas que vive de arte no Brasil”, diz. “Para tanto, não precisei participar de círculos de críticos, marchands e artistas. Não dependi desse tipo de recurso. Em vez de circular, mantenho uma rotina de oito horas diárias de trabalho no meu ateliê. Eu sonhava em expor aos 20 anos, mas depois descobri que não era necessário se realizar com exposições.”

 

As peças de Goca não se limitam em retratar a exuberância das marinhas e do casario histórico de Ilhéus. Também usa cores explosivas em formas não figurativas, inclusive com métodos da pintura digital, aprendida com Mário Cravo Júnior. “Não me acomodo com o óbvio. Pesquiso sempre formas novas.”

Mesmo introspectivo e concentrado em seu trabalho, Goca tem chamado atenção dos críticos. E se diz realizado. “Eu me defino como um artista completo. Tudo o que tentei fazer eu fiz. Me sinto um artista da cidade — e do mundo.”

Informações da IstoÉ

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