Já surgiram – e vão surgir mais – discursos variados e antagônicos sobre o atentado contra Jair Bolsonaro.
Mas é preciso deixar claro o fato: o atentado houve e outras ações violentas podem ocorrer na campanha, independentemente de motivações políticas.
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A violência está no ar que respiramos.
O que eu chamo a atenção de quem acompanha este espaço é para o momento vivido pelo Brasil, em que esta violência atinge o paroxismo (?), com o país superando os seus (nossos) próprios recordes de homicídios: foram mais de 62 mil no ano passado.
Um genocídio de brasileiros cometido por brasileiros.
É uma estatística que só faz crescer: o Brasil é responsável por mais de 10% dos assassinatos que acontecem no planeta – trata-se do país que mais mata em números absolutos.
O que o atentado em Juiz de Fora tem a ver com isso?
Seja qual for a sua motivação, se tenha sido ou não cometido por um “lobo solitário”, o mais importante é buscarmos a explicação e vá além do episódio, para que atuemos na origem da “doença”.
Há explicações sociológicas, históricas e psicológicas para a forma – já naturalizada – que encontramos de resolver os conflitos cotidianos: eliminando o outro, de quem discordamos.
Existem elementos novos para espalhar o veneno no ar. Claro, quem acompanha o blog pode deduzir que eu estou tratando, mais uma vez, das redes sociais.
E é verdade.
Mas cabe aqui uma informação adicional: um estudo realizado na Inglaterra – e eles são vanguarda mundial nessa área – defende que as mulheres durante a gravidez devem se afastar das redes para evitar provadas mudanças de humor acentuadas, levando inclusive à depressão.
Está claro: não há problema com a internet – que não é um mal em si nem nunca será. Quem opera os teclados é o senhor do que navega – e, em regra, tem sido ‘senhor da guerra’.
Mas a nossa espécie não parece preparada ainda para lidar com todos os seus benefícios. Ao contrário, quando navegamos no cotidiano das relações virtuais, os nossos instintos mais primitivos assumem o protagonismo nas reações que adotamos, nas palavras que usamos.
Duelar com um bárbaro é tornar-se também – e rapidamente – um bárbaro.
É claro que num país, o nosso, em que as injustiças sociais estão evidentes e acentuadas, em que os poderes constituídos se apresentam igualmente frágeis e vulneráveis, tudo tende a ser mais agudo, as nossas rações ainda menos racionais.
Eis um motivo a mais para que aqueles que estão na disputa eleitoral assumam como responsabilidade não açular mais a ira das redes – com seus seguidores e/ou fãs -, que vai para as ruas e volta mais viva, pedindo passagem e nos empurrando para a barbárie. Ninguém está imune a ela, ou será capaz de contê-la se não a enxergamos nos nossos dedos.
Que 2018 não se torne um ano para o Brasil esquecer.
Não para um país que é o quinto mais perigoso para as mulheres; que é o campeão mundial de crimes homofóbicos; racista, machista, misógino (tudo que negamos), o que se manifesta na prática.
Imagino que vamos, sim, superar essa quadra da vida brasileira. Mas é lembrar que, “em tempos incivilizados, as primeiras vítimas são os civilizados” (William Clark Styron).
Quem?
Qualquer um de nós.
Texto adaptado do Ricardo Mota do TNH

Franklin Deluzio é graduado em Filosofia (UESC), possui graduação incompleta em Física pela Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), como também graduação incompleta em Licenciatura Interdisciplinar pela (UFSB), é Especialista em Gestão Pública Municipal (UESC), Conselheiro de Saúde, Fiscal do Sistema E-TCM, Design Digital Júnior, Design Editorial Júnior, Servidor Municipal de Ilhéus/BA e estrategista em Geomarketing Eleitoral. DRT n. 0007376/BA.
Áreas de interesse: Gestão e Desenvolvimento Urbano, Políticas Públicas, Plano Diretor, Administração de Recursos, Gestão Logística, Filosofia da Educação, Existencialismo, Ética e Discurso, Filosofia da Ciência, Meteorologia, Poder, Verdade e Sociedade em Foucault, Filosofia Jurídica e autores como Heidegger, Bauman, Habermas, Foucault, Derrida, Deleuze, Sofistas, Nietzsche, Sartre, Hannah Arendt, Freud, Carlos Roberto Gonçalves e Giovanni Reale.