A rede social de Mark Zuckerberg foi utilizada para coletar dados indevidamente e manipular a opinião pública durante eleição nos EUA.

Um escândalo envolvendo a eleição norte-americana de 2016, o uso dos dados de milhões de usuários da maior rede social do mundo e práticas eticamente questionáveis de uma empresa de análise de dados tomou conta das manchetes de todo o mundo na última semana.

No sábado (13), os jornais britânicos The Guardian e The Observer, e o norte-americano The News York Times, publicam reportagens sobre o uso irregular de dados coletados de 50 milhões de usuários do Facebook.

A fonte dessa informação foi Christopher Wylie. Em entrevista exclusiva, ao Channel 4, da TV britânica, cientista de dados explica como realizou a coleta das informações sem o consentimento dos usuários.

Tudo começou em 2014, quando 270 mil pessoas aceitaram os termos de uso do aplicativo ‘This is Your Digital Life’, criado pelo professor de psicologia Aleksadr Kogan, da universidade de Cambridge. O Facebook foi informado que os dados seriam usados em uma pesquisa acadêmica.

Em seguida, Kogan foi contratado para trabalhar para a Cambridge Analytica, uma consultoria política que tinha como vice-presidente Steve Bannon e como um dos principais investidores o bilionário Robert Mercer.

Naquela época, o Facebook permitia que desenvolvedores tivessem acesso aos dados do usuário e também de todos os contatos do perfil. Foi dessa maneira que as 270 mil pessoas que usaram o aplicativo deram acesso aos dados de 50 milhões de usuários.

Em 2016, esses dados coletados sem o consentimento dos usuários teriam favorecido Donald Trump na disputa presidencial contra democrata Hillary Clinton. A campanha de Trump tinha Bannon como estrategista e contava com Mercer como financiador do partido republicano.

O banco de dados da Cambridge Analytica foi usado para direcionar conteúdos na rede social. De acordo com a posição política do usuário, um determinado post era exibido para tentar influenciar o voto. 

Na segunda-feira, (19), o mercado reage às notícias publicadas no fim de semana sobre o uso indevido das informações dos usuários na rede social. As ações do Facebook caem 6,7%, o que reduziu em US$ 37 bilhões o valor de mercado da companhia, cerca de R$ 115,5 bilhões.

Na terça-feira (20), a situação fica ainda mais complicada quando o Channel 4, da TV britânica, publica imagens de executivos da Cambridge Analytica oferecendo o serviço de interferência em eleições para um suposto cliente do Sri Lanka.  

Para convencer, diziam ter trabalhado em mais de 200 países como Nigéria, Quênia, República Tcheca, Índia, Malásia, México, Argentina e Estados Unidos. Até mesmo o presidente da empresa, Alexander Nix, foi flagrado garantindo a qualidade do serviço.

A consultoria estava prestes a entrar no mercado brasileiro, mas a agência nacional que representaria a Cambridge Analytica no país encerrou a parceria com a divulgação do escândalo.

Após as imagens, Nix é afastado da presidência da Cambridge Analytica.

Com o surgimento de novos indícios de que os dados dos usuários não são protegidos pelo Facebook, o Parlamento britânico, o Parlamento Europeu e o Congresso dos EUA convocam Mark Zuckerberg para dar explicações.

Após dias sem nenhum posicionamento oficial da rede social sobre o escândalo descoberto, a empresa segue sofrendo com a falta de confiança dos investidores. No acumulado da semana, houve uma queda de U$ 45 bilhões do valor de mercado.

Somente na quarta-feira (21), Mark Zuckerberg publica uma nota em seu perfil na rede social tratando do vazamento de dados. Zuckerberg assume que houve erros e pede desculpas pelo ocorrido.

Ele argumenta que a maneira como as informações foram colhidas não são mais permitidas pela empresa. Um mudança nos termos de uso, em 2014, impede o acesso aos dados dos contados de uma conta. Porém, quando houve a mudança, a Cambridge Analytica já tinha coletado as informações que precisava, conforme diz o R7.

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