“Gabriela, cravo e canela”, a obra-símbolo da história de jagunços e coronéis no auge do ciclo do cacau na Bahia, completa 60 anos em maio. Seu autor, Jorge Amado, que se foi em 2001, vai receber grandes homenagens em Salvador e em Ilhéus, onde viveu grande parte de sua vida. A casa é um palacete amarelo que hoje abriga bem no centro de Ilhéus a memória do grande escritor. Lá, Jorge Amado vai receber as homenagens que merece por sua obra. Na movimentada Rua Jorge Amado, onde viveu com os pais até os 18 anos.
Casa de sua família, oriunda de Itabuna, que migrou para Ilhéus, cenário da grande história do cacau que é pano de fundo de alguns de seus romances, “Gabriela” principalmente. Casa que mistura neoclássico com colonial, construída em 1920, com pé direito alto, piso de jacarandá e azulejos ingleses na varanda. Casa que o pai de Jorge, João Amado de Farias, empobrecido por uma enchente que devastou toda a sua produção agrícola, e vivendo de uma modesta fábrica de tamancos, construiu com dinheiro ganho num prêmio de loteria.
Clique aqui para fazer parte do novo CANAL do Ilhéus.Net no WhatsApp.
Clique aqui para fazer parte do GRUPO do Ilhéus.Net no WhatsApp.
Ali ele começou a escrever. Ali nasceu “O país do Carnaval”. Percorrer a casa-museu acompanhado do diretor, Paulo Rosário, é uma bênção. Porque o Paulo, além de saber toda a história da casa – como sabem os guias que acompanham as sucessivas levas de turistas -, sabe tudo das amizades e dos amores do grande escritor baiano.
Quando estive por lá, recentemente, Paulo estava esperançoso de receber ajuda federal para uma reforma no palacete. O memorial é mantido com a cobrança de ingressos a R$ 5. Pouco, diz Paulo, mas suficiente para manter o museu como está. Para melhorar, é preciso que chegue ajuda de fora.
Enquanto caminhamos pela casa, Paulo Rosário vai contando com bom humor a história de cada peça exposta. Tem lá numa antiga cristaleira, por exemplo, a figura de um imenso sapo de louça, entre outras figuras menores. Jorge Amado adorava sapos, me explica Paulo. Esse sapo grande, ele conta, foi o amigo Carybé que botou na porta de entrada da casa de Jorge no Rio Vermelho, quando vivia em Salvador. Plantou o sapo no jardim de madrugada para assustar Jorge. Conseguiu boas gargalhadas.
A casa de Ilhéus fica bem no centro, quase ao lado do Bar Vesúvio, onde, na ficção, Nacib se apaixona por Gabriela enquanto Salvador discute com Ilhéus, a antiga e poderosa capitania, a ampliação do porto da cidade, tema de abertura da obra de Jorge Amado e razão da prosperidade econômica da região.
As coisas do escritor estão expostas em armários e paredes: roupas, fotos, histórico dos pais e da infância, vídeos. Tem uma sala só para as divindades africanas. Jorge, filho de Oxóssi, em lugar de destaque na sala. Uma túnica africana se estende na entrada da escada que dá acesso aos aposentos dos pais, junto à escultura São Jorge Oxóssi Amado, de Goca Moreno, artista local que tem ateliê ali por perto.
Lá em cima, uma sala para sessões de vídeos e uma parede coberta com reproduções das capas da obra do escritor baiano em suas várias versões espalhadas pelo mundo. Paulo aponta a túnica africana e comenta que Jorge Amado andava em casa vestido somente com esse tipo de roupa, nada embaixo. Bem ao estilo baiano calorento.
O museu de Ilhéus
A Casa de Cultura Jorge Amado, que fica bem no centro da cidade de Ilhéus, foi criada no palacete de dois andares, com porão, que mistura estilos neoclássico e colonial. A casa de 600m2 foi durante muitos anos a moradia do escritor. Há 20, é um espaço de museu/memorial. Há guias para que os visitantes possam conhecer aspectos da vida e obra do escritor.
A casa mantém em exposição roupas, fotos, histórico dos pais e da infância, além de vídeos sobre o escritor, como o filme sobre os 50 anos do romance “Gabriela, cravo e canela”, comemorado em 2008. Há ainda uma exposição com orixás em cerâmica, produzidas pelo ceramista itabunense Osmundo Teixeira.
É possível visitar a casa de segunda a sexta, das 9h às 12h e das 14h às 18h, e aos sábado das 9h às 13h. Aos turistas, é cobrada uma taxa de R$ 5. Agendamento de visitas pelo telefone (73) 3231-7531, informações coletadas no Jornal do Brasil.
Franklin Deluzio é graduado em Filosofia (UESC), possui graduação incompleta em Física pela Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), como também graduação incompleta em Licenciatura Interdisciplinar pela (UFSB), é Especialista em Gestão Pública Municipal (UESC), Conselheiro de Saúde, Fiscal do Sistema E-TCM, Design Digital Júnior, Design Editorial Júnior, Servidor Municipal de Ilhéus/BA e estrategista em Geomarketing Eleitoral. DRT n. 0007376/BA.
Áreas de interesse: Gestão e Desenvolvimento Urbano, Políticas Públicas, Plano Diretor, Administração de Recursos, Gestão Logística, Filosofia da Educação, Existencialismo, Ética e Discurso, Filosofia da Ciência, Meteorologia, Poder, Verdade e Sociedade em Foucault, Filosofia Jurídica e autores como Heidegger, Bauman, Habermas, Foucault, Derrida, Deleuze, Sofistas, Nietzsche, Sartre, Hannah Arendt, Freud, Carlos Roberto Gonçalves e Giovanni Reale.